quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eleições - um texto para reflexão, extraído do site do PSTU (chamamento ao voto nulo)

Caríssimas e caríssimos,

Considerei interessante este texto para reflexão a respeito do segundo turno das eleições e resolvi publicar uma parte dele aqui. No meu local de trabalho - e imagino que na maior parte da categoria - parece não haver qualquer discussão sobre o voto nulo, mas sim em quem votar... A discussão sobre esta opção me parece interessante...
Como sempre, esclareço que não sou vinculado a nenhum partido, embora tenha simpatia por algumas organizações da chamada esquerda. Espero que a leitura seja útil e ajude a clarear um pouco as idéias ou acrescente algo diferente às discussões...

O texto na íntegra pode ser obtido no site do partido http://www.pstu.org.br/

*Texto extraído do site do PSTU, também publicado no jornal Opinião Socialista nº 412:




Quem é a direita?

Governo, PT, PCdoB e CUT farão uma enorme campanha pelo voto em Dilma, argumentando que é necessário evitar a volta da direita. Nós também somos contra a volta do PSDB-DEM ao governo.

Durante a campanha eleitoral, o PSTU foi duramente atacado pelo PSDB. Por duas vezes tentaram tirar nosso programa de TV do ar. Na primeira vez, porque mostramos como FHC tratava os aposentados e os chamou de vagabundos. Conseguimos manter nosso programa nessa vez, mas não na segunda.

Quando Serra atacava Dilma ligando a petista à corrupção, mostramos em nosso programa que Serra também esteve ligado ao governo Arruda, do Distrito Federal. O PSDB conseguiu tirar nosso programa final do ar.

Não queremos que a oposição de direita retorne. O governo FHC é lembrado pelos trabalhadores pelas privatizações e ataques aos trabalhadores. Serra seria uma continuação piorada de FHC por conta da crise internacional que se avizinha.

É necessário lutar contra a direita, mas isso não significa votar em Dilma. Muitas vezes os termos “esquerda” e “direita” são bastante imprecisos. Hoje essa indefinição é tão ampla que inclui na “esquerda” a socialdemocracia europeia que administra o capitalismo há décadas na Europa. Ou ainda o PSB no Brasil que apresentou como candidato ao governo de São Paulo o presidente da Fiesp.

Os marxistas definem a localização das posições políticas a partir da classe social representada. Aí a confusão desaparece. Para nós, os representantes da “direita” são os defensores da grande burguesia e do imperialismo. E como estão a grande burguesia e o imperialismo nessas eleições?

Os banqueiros estão financiando as duas campanhas, e é provável que estejam dando mais dinheiro para Dilma que para Serra. Eles têm todas as razões para confiar em ambos. Durante os dois governos FHC, os bancos lucraram R$ 35 bilhões, uma soma fantástica. No entanto, nos dois governos Lula, os lucros dos bancos cresceram ainda mais, chegando a R$ 170 bilhões. Não por acaso, num dos jantares de apoio a Dilma estava presente o banqueiro Safra, uma das maiores fortunas do país.

As grandes empresas, como um todo, quadruplicaram seus lucros no governo Lula. Este é o motivo pelo qual, no início de setembro, as empresas já tinham doado R$ 39,5 milhões para a campanha de Dilma e R$ 26 milhões para a de Serra.

É verdade que a maioria das grandes empresas de comunicação, incluindo TVs e jornais, apoiam Serra. Isso possibilita ao governo uma imagem de vítima perante a burguesia. No entanto, Lula e Dilma têm a seu lado pesos pesados como a Vale, Eike Batista e inúmeros outros empresários.

O apoio dos governos imperialistas também é uma referência importante para identificar quem representa a grande burguesia nas eleições. É indiscutível que todos eles estão muito tranquilos com as eleições no país, porque sabem que seus interesses estarão garantidos com PT ou PSDB. E também é inegável que Lula conta com uma enorme simpatia entre esses governos. Não é por acaso que conseguiu a realização da Copa e da Olimpíada no país, o que está sendo muito usado na campanha eleitoral.

Por último, podemos ter como referência a posição dos políticos da direita tradicional, que sempre representaram a burguesia no país. Obviamente o PSDB e o DEM são partes importantes dessa representação política. Mas se pode dizer a mesma coisa de Sarney, Collor, Maluf, Jader Barbalho que apóiam Dilma.

Voto nulo no segundo turno


Na verdade, temos dois representantes da grande burguesia e da direita nesse segundo turno. Dilma é apoiada pelo PT, pela CUT e por uma parte da esquerda do país, por expressar a colaboração de classes entre a grande burguesia (que mandou no governo Lula assim como no de FHC) e os trabalhadores. Essa é a grande confusão política existente hoje entre os trabalhadores. Não ajudaremos a ampliar essa confusão.

Cada voto dado em Dilma ou em Serra ampliará a força do novo governo eleito para atacar os trabalhadores. Não se pode esquecer a crise econômica internacional que se avizinha. Não é por acaso que tanto Dilma quanto Serra já manifestaram que vão implementar uma nova reforma da Previdência assim que eleitos.

Cada voto nulo nesse segundo turno significará menos força para o governo eleito. Foi impossível para a luta dos trabalhadores nessa conjuntura romper a falsa polarização eleitoral entre as duas candidaturas. Mas é necessário expressar nossa rejeição às duas alternativas patronais em disputa. Não serão eleitos em nosso nome.

[5/10/2010 18:39:00]

sábado, 16 de outubro de 2010

Carta de princípios

CARTA DE PRINCIPIOS SOBRE UMA ENTIDADE DEMOCRATICA.



Se uma Entidade quer realmente conquistas efetivas, que só são possíveis com a participação na luta da categoria, deveria antes seguir os seguintes princípios:


1) Ser um instrumento da luta dos judiciários e não ter um fim em sí.


2) Ser de luta e Combativa- Que prepare os trabalhadores para as lutas políticas sindicais e econômicas, tendo como princípio básico a defesa dos interesses mais elementares da categoria: salários , condições de trabalho e vida dignas. Que só a mobilização e ação coletiva dos trabalhadores é capaz de defender de forma minimamente eficaz os direitos que temos hoje e para novas conquistas.

3) Organização – Que desenvolva a luta de modo planejado, preparando sua estrutura e sua base, deve implementar a escolha e eleição de representantes de cartório e ajudar a construção das comissões de prédios, para reagir aos ataques sofridos pela categoria no sentido de conquistar e defender os nossos direitos.

4) Unidade – Que represente toda a categoria, independentemente de suas posições políticas, partidárias, sociais ou religiosas. A Entidade não tem dono, ela tem que pertencer e defender os interesses de toda categoria.

5) Democrática – Que respeite as decisões tomadas em seus fóruns e abra espaço para que todas as idéias sejam debatidas, respeitando todas as opiniões que visam colaborar para o fortalecimento da categoria. As deliberações devem ser tomadas coletivamente, daí ser imprescindível a realização de assembléias, congressos, seminários, reuniões periódicas de diretoria e do conselho de base para garantir a efetiva participação e soberania dos trabalhadores nas decisões.


6) Politização – Que vincule a luta econômica à luta política, já que as duas andam juntas e uma depende da outra. Uma Entidade que prioriza apenas a luta política pode causar o afastamento de suas bases porque muitas vezes o trabalhador quer ver resultado imediato, de preferência resultado palpável nos ganhos salariais e outros benefícios. Mas, por outro lado, uma entidade que valoriza somente a batalha econômica não consegue elevar a consciência de seus representados e não se faz notar pela sociedade, ficando à mercê das decisões políticas tomadas em nome e em prejuízo dos que se omitem.Para isso, deve promover cursos de formação, seminários, debates, utilizar boletins e jornais etc..


7) Independência de classe– Que a entidade seja uma trincheira de luta dos trabalhadores contra todas as formas de exploração capitalistas, visando a construção de uma sociedade justa e fraterna. Deve estar desvinculada de partidos políticos, das administrações dos Tribunais, dos representantes patronais, de instituições religiosas e de governos, do Estado Burguês, resguardando sua identidade. Isso não significa omitir-se de ações políticas.

8) Independência Financeira e administrativa- Não pode depender de recursos financeiros e benesses oriundos do Estado, de governos, TJs, ou de empresários. Tem que ser contra a contribuição sindical, deve ser sustentada pela vontade e mensalidade de seus associados.

9) Não se burocratizar- Os diretores não devem perpetuar nos cargos de direção da entidade, a direção deve ser colegiada não presidencialista, também devem fazer rodízio dos afastamentos do trabalho para as atividades sindicais, não podem transformar o sindicalismo em carreira como uma nova profissão e não permitir que isso os deixem distanciados da base. Devem ter o Conselho de Base, com representantes indicados e eleitos a partir dos locais de trabalho (OLT), como órgão e instancia superior acima da diretoria executiva. Tudo isso ser previsto e escrito em seu estatuto.

10) Se vincular as lutas gerais dos trabalhadores- Não perder de vista que as conquistas reais e permanentes só serão possíveis com a participação unitária do conjunto da classe proletária, para isso deve buscar a unidade com outros setores, através da luta geral, e se unir a entidades sindicais, centrais, federações e confederações realmente de lutas e desvinculadas do Estado, que seguem de um modo geral os mesmos princípios acima elencados.


Comando de Base e Fórum de Debates Sobre Organização Sindical- setembro de 2010


Contatos: email- servidoresdojudiciariosp@yahoo.com.br





sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Episódios da GREVE - a saída "estratégica" do "sindicato" união (e mais...)

Considero fundamental recordar alguns episódios da GREVE. Um dos mais absurdos foi a saída "estratégica" do união.

Reproduzo a seguir uma matéria publicada no boletim da comissão de prédio do João Mendes "Diário de GREVE", edição nº 3, de 21/5/2010, sobre a questão. Aproveito também para reproduzir duas outras matérias do mesmo boletim, uma sobre a retirada do som da Praça João Mendes pela AOJESP, curiosamente, no dia seguinte à assembléia em que a palavra da presidente da entidade foi "cassada" pela assembléia, e outra contendo uma análise crítica sobre a opção da direção da GREVE pelo dissídio.

São textos pequenos que podem ser rapidamente lidos.

Boa leitura. Aguardo comentários, aqui ou no grupo.

Márcio.

Seguem as matérias:

O SINDICATO FUGIU? Triste, mas é verdade. O que poderia ser mais natural para a direção de um sindicato do que ORGANIZAR uma GREVE, LUTAR ao lado de uma categoria em todas as batalhas e conduzi-la à vitória? Infelizmente no dicionário do “SINDICATO” “UNIÃO”, não existem as palavras “ORGANIZAR” nem “LUTAR”. Aliás, do “sindicato” parceiro do TJ, que em 2004 não participou da greve porque não foi convidado, era de se esperar o pior. Atualmente, neste “sindicato”, “CORRER” e “ABANDONAR”, parecem ser as palavras de “ORDEM”. Apesar dos discursos, sem sentido mas inflamados de seu presidente, perigosamente capazes de conquistar aplausos dos incautos, o “SINDICATO” “UNIÃO” ABANDOU A GREVE NA PRIMEIRA ADVERSIDADE. Ameaçado pela “gloriosa” cúpula do TJ de multa diária de cem mil, bateu imediatamente em retirada, com direito a publicação de edital em tempo recorde, mas SEM DIREITO à consulta da CATEGORIA em ASSEMBLÉIA. Para este tipo de “dirigente”, parece que o dinheiro e o mêdo estão acima de tudo e a categoria é só um “detalhe”. VERGONHA! Vergonha para eles, não para a CATEGORIA. Esta coisa chamada “SINDICATO UNIÃO” deve ser BANIDA da categoria pelos trabalhadores do judiciário paulista PARA SEMPRE. Se por alguma obra do TJ ou castigo do destino, formos obrigados a engoli-lo, que esta DIREÇÃO SEJA ESTIRPADA EM DEFINITIVO. CHEGA!!! BASTA DE BUROCRACIA SINDICAL!!!!


FOGO “amigo”? Mais um lamentável episódio envolvendo a presidência da AOJESP. Impedida de falar pela multidão na assembléia do dia 12/05, numa clara atitude de RETALIAÇÃO, a entidade retirou o som que permanecia desde o início da GREVE em frente ao Fórum João Mendes, comprometendo os informes e reuniões ali realizados com auxílio do equipamento. Nada de novo, vindo de uma entidade em que a direção é a mesma, há mais de 20 anos. Perguntamos então. Será que há algum resquício de democracia nesta instituição? Será que o dinheiro arrecadado dos trabalhadores associados é usado em benefício da categoria que financia a entidade? Será possível um dirigente ter um comportamento tão tolo e infantil em plena GREVE, enquanto a categoria passa por tempos tão difíceis? Para o leitor, ficam aqui as perguntas e o registro do nosso REPÚDIO a atitudes que tais. ABAIXO o CARREIRISMO e o PERSONALISMO nas organizações dos trabalhadores!!!!!!!

Reunida em assembléia categoria votou pela continuidade da GREVE! (considerações sobre o dissídio)

Mais de vinte dias de paralisação não foram suficientes para QUEBRAR a INTRANSIGÊNCIA do TJ. ENIGMA do DISSÍDIO (opção da “direção” da GREVE), aos poucos vai se revelando como armadilha lançada pelo TJ para abortar a GREVE e com ela as expectativas dos trabalhadores. Convenientemente o TJ dá sinais de que vai empurrar a questão com a barriga, o que pode se arrastar por muito tempo e deve desgastar ainda mais a GREVE.

Esse desfecho era esperado. A LUTA deve ser BEM ORGANIZADA e PRIORIZADA, independentemente da possibilidade de outras medidas de ordem burocrática e legalista, eventualmente VÁLIDAS, mas INSUFICIENTES se desacompanhadas de MOBILIZAÇÃO. Por que? Porque os terrenos da BUROCRACIA e da LEGALIDADE são de domínio do GOVERNO, e mais ainda do TJ, nosso PATRÃO imediato, que manuseia a legislação com extrema habilidade na defesa dos interesses de sua cúpula e de suas próprias conveniências, ainda mais na qualidade de ADVERSÁRIO e JUIZ, no processo contra nós trabalhadores. Os golpes mais sorrateiros sempre foram fundados na LEI, de acordo com a interpretação que a cúpula do TJ lhe quis dar.

A hipótese de um julgamento favorável ou MINIMAMENTE JUSTO é pura ILUSÃO. Tudo continua dependendo da nossa capacidade DE ORGANIZAÇÃO, da força da nossa MOBILIZAÇÃO... Aí é que está NOSSO PODER, NOSSA ARMA CONTRA A INTRANSIGÊNCIA.

Adeus às grades. Será o fim do "galinheiro do viana"?

As grades em frente ao Fórum João Mendes, que foram "carinhosamente" apelidadas pelos grevistas de "galinheiro  do viana", começaram a ser retiradas na sexta (3/9).

Entre os símbolos da truculência do TJ do governo e da polícia, as grades ostentaram lugar de destaque. Foram ali colocadas após a ocupação do fórum e dos grandes piquetes, ações que abalaram as estruturas em duas das semanas mais movimentadas de toda a heróica GREVE.

As grades ocuparam o lugar das barracas do acampamento que os grevistas ali haviam instalado, cuja retirada foi determinada e realizada numa ação conjunta, orquestrada entre os poderes do Estado: governo SERRA-GOLDMAN-(ALCKMIN?), TJ, polícia militar e a prefeitura de KASSAB.

Agora que as grades se foram, ao menos pelo lado de fora, a opressão parece menor. Sem grevistas na praça, o TJ parece já não ter muito o que temer... Será?   

terça-feira, 31 de agosto de 2010

MULHERES - Ato contra violência

Segue uma nota, extraída do site da organização política Liga Estratégia Revolucionária-Quarta Internacional, sobre um ato realizado na Avenida Paulista, contra a violência às mulheres. Considerei interessante divulgar a questão, até porque as mulheres são maioria no quadro de trabalhadores do TJSP. Considero extraordinária esta iniciativa em defesa das mulheres. Penso que todo(a)s devem se engajar e incorporar discussões como as da questão feminina no seu dia-a-dia nos cartórios. No final, inseri um link direto para a publicação original no site da LER-QI, e outro para o blog do grupo de mulheres Pão e Rosas, também vinculado à LER-QI.
(observação: a charge acima não faz parte do artigo e foi inserida por mim para ilustrar este post. É uma ironia com relação a diversas religiões e o mêdo de encarar e as questões femininas).

Nota sobre o ato Contra a Violência às Mulheres
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No início da noite do dia 13 de agosto, cerca de 40 pessoas marcharam na Av. Paulista contra a violência às mulheres. O ato foi uma iniciativa do grupo de mulheres Pão e Rosas por conta das cotidianas mortes de mulheres como a de Elisa Samudio e Mércia, e que permanecem no anonimato no momento em que não se poupam discursos sobre o “avanço” das mulheres, principalmente nas campanhas dos presidenciáveis. Lançamos um amplo chamado a entidades, sindicatos e grupos políticos e ativistas para gritarmos bem alto contra a violência que vivemos. Estiveram presentes trabalhadores e estudantes da Usp, metroviários e professores da rede estadual, além de estudantes também da Unicamp, da Unesp, da Escola de Aplicação – USP, da PUC e da Fundação Santo André. Entidades como a Secretaria de Mulheres do Sintusp, do D.A da Fundação Santo André e o Cach – Unicamp se incorporaram ao ato.

Na manifestação lançamos também a nossa campanha “Eles/as não se importam com as nossas mortes! Nosso direito à vida não se vende, não se troca e não se cala por votos!”. Durante cerca de 2h distribuímos materiais e gritamos palavras de ordem que expressassem os recentes casos de absurdos de violência contra as mulheres:

“Eu sou Eliza, sou Eloá, e violência não vamos tolerar! Eu sou a Mércia, sou a Camille, contra o Estado que tanto nos oprime!”
Denunciamos toda a demagogia que fazem o Partido dos Trabalhadores, Lula, CUT, a direção da Marcha Mundial de Mulheres e Dilma, que tentam nos enganar dizendo que uma mulher, que defende os interesses políticos e econômicos dos capitalistas, que se omite diante da questão do aborto, poderia mudar o curso da vida de milhões de trabalhadoras, como se a opressão e a exploração a que estamos condenadas no capitalismo pudessem ser superadas com uma simples eleição para o Estado dos patrões. Denunciamos também Marina Silva, que cinicamente faz alusão ao seu passado pobre e sua trajetória militante, mas que se alia com setores da burguesia para defender um projeto privatista com uma roupagem ecológica:
 “Eu não me engano com patroa na eleição, porque as mulheres ainda sofrem opressão!”

E as mulheres do Pão e Rosas gritamos ainda:
 “Sou Pão e Rosas, mulheres na luta já! O Estado Capitalista não vai nos emancipar!”

É fundamental colocarmos de pé uma ampla campanha contra a violência às mulheres em todos os locais de trabalho e estudo. Não podemos nos calar diante de tantas mortes, violações e dor! Basta de femicídio! Mesmo com a aprovação da Lei Maria da Penha uma mulher morre a cada 2h vítima de violência! São milhares as Eloás, Elizas, Maria Islaines, Mércias e Camilles no Brasil de Lula! Dilma, Serra e Marina serão igualmente coniventes com toda violência que sofremos! Nosso direito à vida não se troca, não se vende e não se cala por votos! A violência que sofremos não é “doméstica” ou privada, é social e é legitimada pelo Estado! Querem nos impor uma idéia de que a solução para a violência é individual, mas para que algo socialmente construído se transforme é preciso uma ação organizada que vise e atue no sentido de sua transformação. Por uma ampla contra a violência às mulheres! Que todas as centrais sindicais e sindicatos, especialmente a CSP – Conlutas e as agremiações a ela filiadas, as entidades estudantis, sobretudo a Anel, partidos e organizações de esquerda impulsionem essa importante campanha! Convidamos a tod@s os ativistas e militantes que concordem com o conteúdo desta campanha que a construam com o Pão e Rosas!
Eles/as não se importam com as nossas mortes! O governo e o Estado capitalista são coniventes!
Mais nenhuma mulher morta por conta da violência! Basta de feminicídio!

Não nos calaremos! Eliza, Mércia, Maria Islaine, Camille e Eloá vivem em nossa luta!

Link para a publicação original no site da LER-QI: http://www.ler-qi.org/spip.php?article2536

Link para o blog do grupo de mulheres Pão e Rosas, também vinculado à LER-QI: http://nucleopaoerosas.blogspot.com/

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Texto sobre o classismo, extraído do jornal "Opinião Socialista" do PSTU

Gostaria de deixar claro que não estou vinculado a nenhum partido político, embora tenha simpatia por algumas idéias de partidos e correntes da chamada esquerda. Considerei interessante este artigo sobre o classismo, publicado no jornal "Opinião Socialista" do PSTU, imaginando que poderia contribuir para as discussões, que suponho sejam necessárias na categoria.

Além de falar do classismo, o artigo traz, naturalmente, as posições políticas do partido, que também podem ser objeto de discussão e análise pelos leitores. Minha opinião pessoal, é de que, ainda que não se aprofunde no tema e contenha a política do partido, o artigo expressa bem exemplificada e historicamente a idéia do que é o classismo.

Espero que este post seja uma experiência postiva, e que eu não me arrependa de ter apresentado este texto para discussão.

Para todo(a)s os que se interessarem, boa leitura.
Aguardo comentários.
Márcio.

(p.s.: foi excluída uma última parte do texto, onde havia uma crítica ao PSOL - texto na íntegra pelo link no final)

(artigo extraído do jornal "Opinião Socialista", do PSTU, edição nº 403).

O que é classismo?

Henrique Canary
de São Paulo (SP)

• E m recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Lula declarou: “Essa mistura de um sindicalista com um grande empresário e um documento que fosse factível e compreensível pela esquerda e pela direita, pelos ricos e pelos pobres, é que garantiu a minha chegada à Presidência”. Essa declaração demonstra até que ponto o presidente se afastou dos princípios que deram origem ao PT e à CUT e o lançaram no centro da cena política no início dos anos 80.

Lula é fruto de uma ideia que ele mesmo renega: a de que operários e patrões são classes sociais inimigas. Por isso, os trabalhadores, em suas lutas, devem trilhar um caminho próprio, ter sua própria política e suas próprias organizações. A essa ideia de independência dos trabalhadores em relação à burguesia chamamos classismo.

O classismo foi a inspiração do movimento de massas nos anos 1980. Foi em nome dessa ideia que Lula, na época, rejeitou a proposta de Fernando Henrique Cardoso de formar, por fora do MDB, um novo partido democrático que unisse trabalhadores e patrões. Pressionado pela força do ascenso operário, Lula aderiu à ideia de construir um partido só de trabalhadores. Nascia o PT, que combatia a ditadura e ao mesmo tempo não aceitava em seu interior patrões e empresários.

Os trabalhadores haviam derrotado a ditadura através da ação direta e se sentiam fortes para se organizar e lutar de maneira independente, sem concessões ou acordos políticos com a burguesia e o governo. O 3º Congresso da CUT, realizado em 1988, proclamava: “A CUT entende que não pode haver pacto entre desiguais, e que nesse tipo de pacto os trabalhadores só têm a perder. Por isso, a CUT se manifesta firmemente contra qualquer tentativa de acordo ou pacto que tenha por objetivo retirar conquistas ou restringir a liberdade que a classe trabalhadora deve ter para avançar nas suas conquistas”.

O abandono do classismo nos anos 1990

As fortes lutas dos anos 1980 levaram o PT a inúmeras prefeituras e mais tarde ao governo de alguns estados. Começou aí um processo de adaptação à ordem burguesa. O classismo foi sendo abandonado. Os métodos e princípios do antigo movimento deram lugar a uma única estratégia: a eleição de Lula à Presidência da República.

É nesse período que surgem, por iniciativa da direção da CUT, as câmaras setoriais: mesas permanentes de negociação, onde os gerentes das multinacionais sentam-se com os dirigentes sindicais para estabelecer, de comum acordo, metas de produção e venda e negociar o número de demitidos a cada crise. É aí também que o PT abandona o perfil classista para se tornar cada vez mais um partido da colaboração entre as classes. O “Vote no 3 que o resto é burguês!” do início dos anos 1980 virou “O PT que diz SIM” da campanha de 1996 à Prefeitura de São Paulo.

Lula e o PT no poder

O PT venceu as eleições em 2002 aliado ao PP, legenda de aluguel da alta burguesia industrial. No governo, Lula cumpriu a fundo a principal promessa feita na Carta ao Povo Brasileiro: governar com e para a burguesia. Colocou o banqueiro Henrique Meirelles no Banco Central, o latifundiário Roberto Rodrigues no Ministério da Agricultura, o empresário Fernando Furlan no Ministério da Indústria e Comércio e um longo etc. Apesar de algumas mudanças ao longo desses oito anos, a política ministerial de Lula permaneceu a mesma: os ministérios são ocupados por figuras de peso do empresariado nacional.

O resultado: Lula manteve os compromissos com o FMI e grandes credores internacionais, aplicou uma política de juros que beneficia o capital financeiro, assentou menos famílias do que FHC, manteve no Haiti uma ocupação militar cujo verdadeiro objetivo é impedir uma revolta do povo contra a exploração das multinacionais ali instaladas, introduziu modificações no sistema previdenciário que dificultam ainda mais a aposentadoria, acabou com a independência da CUT, manteve o MST paralisado, minou a confiança dos trabalhadores em suas próprias forças e comprou com o Bolsa Família a consciência de uma parte da população que vivia uma situação de miséria biológica.

Isso tudo aconteceu porque Lula decidiu governar com empresários e patrões. As ações do governo sempre tiveram como objetivo fundamental preservar “essa mistura de um sindicalista com um grande empresário”. O preço dessa mescla é que os trabalhadores sustentaram por oito anos a farra dos banqueiros, das empreiteiras, do agronegócio e das multinacionais.

Como a colaboração de classes se torna uma ideologia dominante

Mas por que os trabalhadores que votaram em Lula aceitam essa situação pacificamente? A resposta é simples: porque a burguesia e seus agentes trabalham incansavelmente para convencer os operários de que patrões e empregados têm, no fundo, os mesmos interesses. A colaboração de classes é um exemplo daquelas mentiras que, repetidas mil vezes, acabam virando verdade.

Quando a economia cresce, tenta-se convencer os trabalhadores de que não é hora de pedir aumento porque “o bolo ainda não cresceu o bastante; é preciso esperar o bolo crescer para repartir”. É uma imagem forte que convence muita gente. Afinal, quem, em sã consciência, retiraria um bolo cru do forno? O que a burguesia e seus agentes escondem é que nunca a vida dos trabalhadores melhora na mesma proporção do crescimento econômico. É o contrário: a lucratividade das empresas sempre aumenta em proporção maior do que o crescimento do país.

Para demonstrar isso, tomemos os dados dos últimos anos de crescimento (veja o gráfico à esquerda). Comparemos o crescimento da massa salarial da população com a remessa de lucros ao exterior por parte de empresas multinacionais e especuladores estrangeiros. Veremos que os dois itens crescem, porém em proporção muito distinta, o que demonstra a mentira da ideia do bolo que “cresce” e então é dividido “por todos”.

Como se vê, quem ganha para valer com o crescimento econômico não são os trabalhadores que produzem as riquezas do país, mas sim as multinacionais e especuladores estrangeiros. Para garantir uma melhoria real do nível de vida dos trabalhadores, é preciso interromper a pilhagem do país e a exploração do trabalho do povo.

Não é possível fazer isso com a “mistura de um sindicalista com um grande empresário” por um motivo muito simples: o grande empresário não vai abrir mão do seu lucro. A conclusão é lógica: mais uma vez, os trabalhadores é que terão que abrir mão de melhorar as suas vidas.

A colaboração de classes durante as crises

Após os períodos de crescimento, vêm as crises. Nesses momentos, o discurso dos patrões e dos burocratas sindicais muda, mas a lógica se mantém: a de que somente “com o sacrifício de todos” é possível evitar uma tragédia ainda maior. Nesse caso, o “sacrifício de todos” é a demissão de uma parte dos trabalhadores, a diminuição da jornada com redução de salário, o corte de direitos e o aumento das remessas de lucros ao exterior para salvar as matrizes.

Por isso, em 2008, ano em que estourou a crise econômica mundial, a remessa de lucros do Brasil para o exterior, ao invés de diminuir, aumentou, atingindo a cifra de 33 bilhões de dólares, 55% a mais do que havia sido enviado em 2007 (21 bilhões de dólares). Ou seja, foram os trabalhadores brasileiros que salvaram as matrizes da GM, Volkswagen, Renault, Fiat e tantas outras que, ainda assim, não deixaram de demitir e reduzir salários.

Quando a Embraer demitiu 4.200 funcionários, Lula disse que estava “torcendo pelos trabalhadores”. O governo, que é acionista da empresa, cobrou apenas explicações e nada mais. Quando as grandes montadoras ameaçaram demitir em massa, Lula correu com a ajuda de R$ 4 bilhões e a redução do IPI. Para os banqueiros foram liberados R$ 160 bilhões do compulsório. Já os trabalhadores ganharam somente a ampliação do número de parcelas do seguro-desemprego, o que resultou num gasto de apenas R$ 126 milhões ao governo federal. Literalmente, menos de um milésimo do que foi distribuído a um punhado de bancos e grandes empresas.

Esses tristes episódios demostram claramente que, na “mistura de um sindicalista com um grande empresário” quem ganha é sempre o grande empresário. É para ele que Lula decidiu governar.

Em defesa do classismo!

A história demonstra que as grandes conquistas da classe operária foram arrancadas com a luta e a organização independente: a jornada de oito horas, as leis trabalhistas, a derrota da ditadura militar, as liberdades políticas e sindicais e tantas outras.

Em vez da colaboração de classes, defendida hoje pela maioria esmagadora da esquerda, o PSTU propõe o classismo: a noção de que trabalhadores e burgueses são classes sociais inimigas. Portanto, a unidade entre eles só é possível com a condição de que os trabalhadores abram mão de seus interesses em benefício dos lucros da burguesia. O classismo, que para muitos é uma palavra engraçada e fora de moda, para nós é um guia para a ação, um princípio que simplesmente nunca deveria ter sido abandonado.

Colaboração de classes:a herança stalinista

Nos anos 1930, o nazifascismo adquiriu peso de massas em vários países, chegando ao poder na Alemanha e na Itália. Na Alemanha, existia um poderoso partido social-democrata, de orientação reformista, mas operário em sua composição. Também o Partido Comunista Alemão, stalinista, era muito forte.

Juntos, esses dois partidos poderiam ter derrotado o nazismo, mas o stalinismo se negou a fazer qualquer unidade com a social-democracia. Afirmava que ela era na verdade “a ala esquerda do fascismo”. Essa política ultraesquerdista teve consequências desastrosas conhecidas: Hitler chegou ao poder em 1933 sem encontrar praticamente resistência do movimento operário, dividido pela política suicida de Stalin.

Depois que o nazismo chegou ao poder, o stalinismo deu uma guinada à direita: passou a dizer que para derrotar o nazismo era preciso uma aliança entre os trabalhadores e a burguesia democrática, mas não se tratava de uma aliança para lutar.

O que se propunha era a criação de governos de unidade com a burguesia dita “progressiva”. O objetivo de construir um governo só de trabalhadores era abandonado. O stalinismo chamou essa política de “Frente Popular”. Estava criada assim a expressão que seria sinônimo de derrota e desmoralização para a classe operária do mundo inteiro.

(texto na íntegra: http://www.pstu.org.br/jornal_materia.asp?id=11675&ida=35)


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Brava Companhia! Transgressão teatral na Praça João Mendes, aos 120 dias de GREVE!!!

Praça João Mendes: início da apresentação de "ESTE LADO PARA CIMA", da Brava Companhia


A Praça João Mendes foi o palco para a apresentação da peça "ESTE LADO PARA CIMA" da Brava Companhia, no dia 25/8, quando a GREVE do judiciário paulista completou 120 dias.

Alguns de nós grevistas, já havíamos assistido ao espetáculo no Largo São Bento, e consideramos muito interessante que a categoria tivesse oportunidade de assistí-lo. Então, por iniciativa do Comando da Base, e com apoio da Brava Companhia, foi organizada a apresentação.

Debaixo de sol escaldante, a apresentação teve início por volta das 12 hs. Além dos grevistas, que aguardavam a realização de nossa assembléia geral, advogados, estagiários, não-grevistas, entre outros que passavam pela praça, intrigados com a movimentação, também ficaram para assistir. Um contingente de policiais observou à distância.

Foi um momento único, em que os  grevistas tiveram a oportunidade de ver teatralizadas, cenas e discussões que se incopararam ao nosso cotidiano durante a GREVE. Capitalismo, luta de classes, poder, política, relações humanas, consumo, contradições pessoais e do sistema vigente, são temas do espetáculo, com os quais houve absoluta identidade e integração da platéia que se manteve atenta ao desenrolar de cada cena. Muitos se comoveram e até mesmo não-grevistas, tiveram a oportunidade de refletir sobre estas questões.

Aqueles que por alguma razão, perderam a encenação e tiverem interesse em assistir, podem acessar o blog da brava http://blogdabrava.blogspot.com/, para saber dos locais, dias e horários em que há apresentações, e obter mais informações sobre o trabalho da Brava Companhia.

Além de "ESTE LADO PARA CIMA", a Brava Companhia também apresenta o espetáculo "O ERRANTE", que trata de temática semelhante, embora sob outro ponto de vista.

Deixo aqui, em nome dos grevistas do judiciário, nosso agradecimento aos atores, atrizes e demais companheiros da Brava Companhia, que contribuíram para que a apresentação se realizasse. Considero que vocês são mais do que bravos, são bárbaros, são extraordinários meus caros!!! Parabéns, pela iniciativa e pelo excelente trabalho! Sorte, nesta e nas futuras empreitadas! O teatro de rua certamente merece todo nosso apoio.


Abraço fraterno e grevista a todos.

Márcio Cotineli (Comando da Base - Fórum João Mendes)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Luta de Classes - Robert Minor


Esta gravura é de um cartunista estadunidense, que admiro muito, chamado Robert Minor (1884 - 1952). Além de cartunista ele também foi pintor e jornalista, entre outras habilidades intelectuais e artísticas. Em princípio, o que me despertou a curiosidade a seu respeito, foram suas gravuras e pinturas. Considerei muito interessantes também, alguns episódios de sua história de vida. Certamente, apesar de não ser um revolucionário na essência, ele teve um papel importante e deu contribuições para a luta de classes de seu tempo, com cartoons como este, que relata um ataque anti-greve do governo a trabalhadores de uma mina de carvão em Pittsburgh, EUA, no ano de 1916. 

Considero muito importante conhecermos o passado, e sabermos que antes de nós muitos outros tiveram suas batalhas. Penso ser importante também, não perder de vista, que a maior parte dos avanços de que hoje desfrutamos são resultado de conquistas de lutas passadas, que não devem ser desprezadas nem diminuídas. O mundo mudou muito, a tecnologia faz tudo parecer tão moderno, mas ao mesmo tempo também podemos concluir que quase nada mudou. Sim, isto pode soar como uma grande contradição. Poder, política, luta de classes, relações humanas... muitas vezes parece até que os exemplos mais rudimentares do passado são absolutamente contemporâneos...

Bem, polêmicas e especulações filosóficas à parte, deixo aqui esta pequena contribuição para que cada um possa fazer suas próprias reflexões. Espero que tenham gostado de saber a respeito desta histórica figura. 

P.S. Esta gravura foi utilizada na terceira semana de greve em um cartaz, colado junto aos relógios de ponto biométrico do Fórum João Mendes, com o seguinte texto: 
Você que está trabalhando durante a greve, saiba que está golpeando um movimento legítimo, de reivindicações reconhecidas como justas, e constitucionalmente garantido. Além de estar ferindo a si próprio, sua dignidade e a de sua classe.

Você está trabalhando para que nada mude, pois nada muda se não nos dispomos a lutar. Está aceitando e apoiando uma política salarial suja e apodrecida, assim como a cúpula do tribunal e o governo que a impõem.
Você está pavimentando o caminho para que o mau patrão sinta-se a vontade para nos subjugar ainda mais, e para que nossas condições de vida sejam ainda piores no futuro...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Poesia revolucionária

Pessoal,

Considero esta poesia, apesar de singela, muito forte e capaz de trazer algum alento em tempos difíceis de luta, como os que estamos enfrentando. Ela já foi postada uma vez no grupo e decidi publicá-la aqui no blog também, para aqueles que não tiveram oportunidade de lê-la. Simples, verdadeiro e profundo...

Espero que gostem. Bom proveito!

Abraço e força a todo(a)s o(a)s camaradas da resistência!

POESIA REVOLUCIONÁRIA - NÃO CULTIVES A FRAQUEZA

Vive o fraco na fraqueza
o bom na sua bondade
vive o firme na firmeza
lutando por liberdade.

Não cultives a fraqueza,
procura sempre ser forte,
que o homem que tem firmeza
não se rende nem à morte.

Educa a tua vontade
faz-te firme: em decisões,
que não terá liberdade
quem não fizer revoluções.

Se queres o mundo melhor
vem cá pôr a tua pedra,
quem da luta fica fora
neste jogo nunca medra.


Francisco Miguel Duarte,
Poeta popular nascido no Alentejo,
Operário sapateiro, filho de camponeses

18/12/1907 - 21/5/1988

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Como tudo começou - de volta ao início...


Pessoal,

Estou disponibilizando aqui o primeiro boletim do João Mendes, distribuído no prédio no terceiro dia de GREVE (30/4/10). Achei interessante revisitá-lo. Foi um começo bem tumultuado e nossa perspectiva na comissão era retomar o trabalho, ampliar a comissão e construir a adesão, apesar de todas as contradições e dificuldades.

Naquele momento, utilizamos um saldo do fundo da comissão de prédio. O boletim já estava meio pronto, apresentei aos camaradas, fizemos uma discussão rápida, ali na praça mesmo, definimos, e dirigi-me a uma lan house para concluir e trabalho e providenciar a impressão. Foi feito às pressas, e está mantido com algumas imperfeições, como orginalmente publicado. Naquela manhã, não havia tempo a perder...

Particularmente, achei interessante resgatar aquele momento. Ainda me lembro das palavras de incentivo do Celso, dizendo, "isto está ótimo, este material está muito bom, precisamos publicá-lo e distribuí-lo imediatamente, vamos adiante..." Dentro das nossas limitações, publicamos, distribuímos o material no prédio e nos pusemos a trabalhar pela GREVE, cheios de perspectivas e esperança. Começávamos a nos livrar da alienação  imposta pela rotina do trabalho cartorário.

Interessante lembrar também, que era véspera de 1º de maio, aproveitamos para inserir algo a respeito na parte final. Naquele dia, também foi elaborado por um recém-chegado (e muito bem vindo) colega, um panfleto de meia folha sobre o 1º de maio, que foi também impresso e distribuído no prédio junto com o boletim. Infelizmente não tenho este texto em arquivo.

Bom, minha intenção com este post é resgatar e registrar a memória daqueles dias, quando estávamos cheios de esperança e vontade de lutar pelo movimento e pela categoria. Não tinhamos a mais mínima idéia de tudo o que estava por vir. Muita coisa aconteceu depois, quem acompanhou a GREVE já sabe, mas poderá ser objeto de futuras postagens.

Abraço a todos.

domingo, 15 de agosto de 2010

Trabalhadores: é hora de perder a paciência!!!

início da apresentação da peça "ESTE LADO PARA CIMA"

Camaradas.

Tivemos a oportunidade de assistir a uma apresentação teatral na sexta (13/8) aqui em São Paulo, no Largo São Bento. É um espetáculo de teatro de rua, cuja temática é uma crítica à alienação causada pelo trabalho e pelas táticas de manutenção do sistema vigente. 

Particularmente, fiquei sensibilizado ao perceber semelhanças entre os personagens e nós mesmos, especialmente no momento em que os trabalhadores perdem a paciência e decidem se organizar no combate à tirania...

Bem, recomendo a todos que tiverem interesse e oportunidade que assistam. Vou deixar aqui um link para o blog da "Brava Companhia" que produz o espetáculo. Eles também  tem uma outra peça em cartaz, que parece interessante, chama-se "O ERRANTE". Pretendo conferir também. 

No blog da brava estão disponíveis as informações sobre dias, horários e locais das apresentações.  

Abraço fraterno e grevista a todos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Rumo aos 113 dias. Ainda sem democracia.

Companheiro(a)s de luta,

Ainda estou um pouco atordoado com os acontecimentos de hoje... mas, certamente, uma das coisas que me deixa "tranquilo", é que não houve o racha na praça cuja possibilidade me parecia grande, e era para mim a principal preocupação.

Com relação à proposta do TJ, ou a falta dela, penso que, mais uma vez, o tribunal teve muita habilidade para enrolar e no final de todo aquele desgaste ao qual fomos submetidos, não apresentar índice algum. Também gostaria de considerar, e isso é uma crítica à direção da GREVE (presidentes das entidades e do sindicato), que quando da votação da continuidade da GREVE, aliás, como bem observado e comentado por uma colega naquele momento (e mais tarde por muitos), não foi perguntado se alguém na praça aceitaria somente a devolução do dinheiro descontado e o não desconto dos dias parados, proposta que suponho ainda estivesse vigente.

Trata-se de discutir um dos principais problemas da direção da GREVE, desde o início, a falta de transparência e democracia nas assembléias que viabilizem a possibilidade de contemplar todas as variáveis em jogo, e a oportunidade de cada trabalhador expressar seu voto, sem que a direção interfira ou faça previamente qualquer "triagem" ou juízo de valor, excluindo a possibilidade de voto, ainda que se possa supor que a hipotese seja "rebaixada", como neste caso... Não faço esta colocação para diminuir o valor da nossa resistência e luta, cujo(a)s grevistas não precisam provar a ninguém a esta altura do campeonato; mas diante de tanto desgaste, fico me perguntanto: e se algum(a) colega quisesse recuar só com isto? Não teria este direito? Não poderia ao menos votar nesse sentido, ainda que fosse vencido? Por quê não foi dada esta oportunidade?

Bem, de qualquer forma, agora é tocar o barco (NO QUAL CONTINUAMOS JUNTOS) com as forças que tivermos, até a próxima quarta. Lamento também, que a direção do movimento, como sempre, não apresente uma perspectiva estratégica de luta com um plano definido, cuja responsabilidade numa GREVE é exclusiva de qualquer comando, ou ao menos traga esta discussão para as reuniões do comando ou assembléias. Aliás, nas categorias em que há democracia, os membros dos comandos de greve são normalmente eleitos pelos trabalhadores, e os comandos se reúnem diariamente, fazem análises de conjuntura, estudam o que pode ser feito para aumentar a adesão e em que regiões, providências naturalmente necessárias numa GREVE...

As entidades e o sindicato, parecem estar acreditando na saída jurídica pelo julgamento do DISSÍDIO e outras ações na "justiça". Apesar de tudo, e apesar desta direção, continuo acreditando na luta... tenho certeza que muitos trabalhadores continuarão tentando desenvolver o trabalho de base, conscientes de que este trabalho não é sua responsabilidade, mas é necessário. Quem sabe um dia teremos democracia, transparência, conseqüência e uma organização sindical organizada de forma capaz de fazer frente às nossas necessidades...

domingo, 8 de agosto de 2010

MOMENTO É DE REFLEXÃO, CAUTELA E SANGUE FRIO!

Desde o início da GREVE, não é raro ouvir comentários absurdos como "que pena a GREVE ter acabado assim..." Eu mesmo fui testemunha de comentários como este, ainda no primeiro mês de GREVE. Considero que sempre haverá quem por "inocência" ou malícia, mas de forma covarde em ambos os casos, tente desmobilizar a categoria ou enfraquecer e desdenhar a NOSSA LUTA. Não podemos porém, nos deixar influenciar por discursos divisionistas.

A construção da UNIDADE no período de LUTA se deu, literalmente, com muita coragem, sangue, suor e lágrimas (perdoem-me o clichê, mas é a histórica realidade). Estamos num momento muito delicado, e entendo que precisamos refletir, ter cautela e sangue frio. Pessoalmente, tenho minhas críticas à direção do movimento, mas não é meu objetivo divulgá-las neste momento, até para não desviar o foco e preservar a UNIDADE construída e mantida pelos trabalhadores.

Seja qual for a proposta do TJ, ela precisará ser formalizada e apresentada pela direção da GREVE da forma mais TRANQÜILA, TRANSPARENTE e DEMOCRÁTICA possível, para que reunida, a categoria tenha condições de AVALIAR, DEBATER e decidir a respeito, de forma CONSCIENTE e CONSEQÜENTE.

Nos próximos dois ou três dias, se formará a conjuntura que poderá ser determinante para que eventual acordo seja costurado e formalizado. Equanto isso, considero que não podemos baixar a guarda, nem dar ouvidos a boatos. Precisamos manter o foco no que nos interessa, principalmente para que tenhamos condições de manter o SALDO ORGANIZATIVO até aqui adquirido, que certamente viabilizará a construção das nossas próximas lutas, com mais força, mais organização, e ainda mais unidade.

Estou convicto de que nesses mais de 100 dias de luta, livre da alienação do trabalho, a categoria (em especial a parcela grevista) teve oportunidade de crescer e adquirir um grau mais elevado de consciência e maturidade políticas, que agora se fazem tão necessários.

RESISTÊNCIA, CAUTELA E SANGUE FRIO COMPANHEIRO(A)S.

Saudações grevistas a todo(a)s!

"Paz entre nós, guerra aos senhores."

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Organizações políticas e sindicais

Caríssimo(a)s colegas e companheiro(a)s de luta. Este é o primeiro post deste blog, criado em caráter experimental. Inseri, na parte inferior da página, alguns links de correntes políticas, partidos e organizações sindicais, que de alguma forma participam e/ou apoiam as lutas dos trabalhadores do TJSP. São eles: CONLUTAS (agora Central Sindical e Popular, CSP-Conlutas), LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional), LSR (Liberdade Socialismo e Revolução - corrente interna do PSol), POR (Partido Operário Revolucionário), e PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado). Considero que este poderia ser o primeiro tema objeto de comentários. Particularmente, entendo que comparar e discutir as idéias e propostas de cada uma destas, e de outras organizações, pode contribuir para enriquecer os debates e discussões na categoria e nos ajudar a avaliar e elaborar as idéias e políticas que colocamos ou pretendemos colocar em prática...